Fazer Amigurumi é para você?

O crochê surgiu na minha vida numa época em que estava numa grande revisão dos meu valores.

Estava desapegando de tudo que é excesso, de tudo que é supérfluo, de tudo que é desnecessário. 

E essa faxina foi geral… objetos, móveis, amizades, relacionamentos, sentimentos… Durou meses, talvez até mais de um ano. Até que se incorporou no meu dia a dia. 

E quando falo de valores, vem o crochê, uma arte manual e ancestral – só aqui nessa frase já há muito valor envolvido. 

Uma arte muitas vezes engolida pelo que está disponível em prateleiras, tudo padronizado, igualzinho em seus mínimos detalhes. Qualquer semelhança com os padrões estéticos de hoje é plena coincidência, não é mesmo? Dentes branquíssimos e milimetricamente alinhados, linhas de expressão inexistentes, corpos perfeitos, tem pessoas que até acordam maquiadas… 

O valor do crochê se conquista pela persistência e pela resiliência. A primeira peça quase nunca fica bonita, e se você desiste, não consegue ver onde é capaz de chegar, do que você é capaz de produzir. 

E como não valorizar uma peça que é exclusiva? Única em seus detalhes? Nenhuma boneca fica igual à outra, por mais rigorosa que você seja seguindo sua receita… e isso acontece por vários motivos, como por exemplo, em um dia você está mais tensa que no outro, a tendência é fazer pontos mais apertados, outro seria a cor do fio, algumas cores de tingimento deixam o fio mais rígido que outras. 

E para finalizar, deixo aqui mais pouquinho sobre o meu progresso:  quando comecei a fazer crochê, tive uma inflamação no meu polegar esquerdo, ficou muito inchado e doía demais… Se tivesse parado ali, hoje não estaria criando minhas bonecas e nem ajudando a outras tantas pessoas, a criarem as suas. 

Então não desista, faça mais, e se depois de várias tentativas essa arte não te deixar feliz com o seu resultado final, aí sim, desapegue e tente outra arte. 

Beijo enorme em seu coração!